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Comércio entre Brasil e Austrália cresce 5% no semestre

03/12/2007Comércio entre Brasil e Austrália cresce 5% no semestre

Balança chegou a US$ 692,65 milhões e déficit brasileiro no saldo aumentou 9%. Pauta é concentrada em commoditties como petróleo, minério de ferro e carvão mineral. Importações aumentaram 6%, dado superior ao crescimento das exportações, de 5%.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MIDC), a balança comercial entre Brasil e Austrália aumentou 5% até julho de 2007 em relação ao mesmo período do ano passado, passou de US$ 656,65 milhões para US$ 692,65 milhões. Nos últimos dois anos o real sofreu uma forte apreciação frente ao dólar e é essa oscilação do câmbio que explica o aumento de 9% do déficit brasileiro no saldo comercial, que passou de R$ 132 milhões para US$ 144 milhões. Isso porque a pauta dos dois países é concentrada em até 80% em commoditties como petróleo, minério de ferro e carvão mineral. As importações brasileiras aumentaram 6% e passou de US$ 394,36 milhões para US$ 418,35 milhões, dado superior ao crescimento das exportações (5%), que saíram de US$ 262,29 milhões para US$ 274,3 milhões.

"O comércio internacional cresceu entre 7% e 8%, mais do que as trocas entre os dois países. Eu não defendo a exportação de produtos brasileiros para a Austrália, que pode ter apenas inserções pontuais. Se enviarmos 50 contêineres de roupas de surf venderá algo em torno de US$ 50 mil, o que não é representativo. Não seremos competitivos com a produção do oriente, como China, Singapura ou Malásia", comentou o presidente da Câmara Oficial de Comércio Brasil-Austrália, Hélio Marchi.

Mesmo assim, ele cita o investimento de empresas como a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobrás. "As grandes companhias que quiserem se estabelecer por lá não precisam do apoio da Câmara", complementou. Mas para o empresário brasileiro investir na Austrália, o país oferece atrativo como a segunda maior renda per capita do mundo, de US$ 36,5 mil, atrás apenas da Noruega. Mesmo assim, trata-se de um mercado pequeno, de 20,7 milhões de habitantes.

A bandeira que a associação defende é a atração de investimentos australianos, que hoje podem oferecer aos brasileiros capital e tecnologia. "Nesse momento se estuda construir uma mega estrada de ferro na Bahia e os australianos tem tecnologia para isso", exemplificou Marchi.

Entre os principais produtos exportados pelo Brasil estão o minério de ferro e petróleo, que é responsável por 100% do petróleo pesado do país australiano, além de suco de frutas, fumo, calçados, papel, produtos químicos e autopeças. Já entre os importados ele apontou o carvão mineral, componentes eletrônicos, equipamentos cirúrgicos - devido ao aço de primeira qualidade - e de telecomunicações, além da indústria automobilística. "O Omega, por exemplo, é totalmente produzido na Austrália, vem com chave e pneu", disse Marchi.

Todas as grandes montadoras estão estabelecidas por lá, como Toyota, Nissan, GM, Ford e Renault, e Marchi acredita que uma agregação de valor na balança comercial entre os dois países possa advir de uma estratégia de importação de produtos automobilísticos. Outra tecnologia que foi desenvolvida pelos australianos foi à caixa-preta, que hoje é disseminada pelo planeta.

Mas um dado curioso é que a Austrália desenvolveu a melhor tecnologia de impressão de papel moeda do mundo, que utiliza polímeros e já foi adotada em 26 países. Ela inclusive já foi testada pelo Banco Central na nota de R$ 10,00 de plástico. Capital, moeda falta para todo mundo. "Uma nota de papel dura em média 14 meses enquanto a nota de plástico fica em circulação até 76 meses. Fiz um cálculo que demonstra que em cinco anos a economia para o país seria de US$ 1 bilhão", argumentou Marchi.

AUXÍLIO - Ele informou que a Câmara funciona como um psicanalista para auxiliar investimentos de ambos os lados. Marchi já foi procurado por empreendedores brasileiros que queriam estabelecer representantes em regiões diversas do país, como Darwin, New South Wales e Victoria. "Nessas horas indago se ele tem uma filial em Porto Alegre, outra em Rio Branco e uma terceira em Fortaleza. Na Austrália as distâncias são grandes e é conveniente escolher uma região para colocar as energias", revelou.

Um dos serviços da Câmara é a emissão de visto para turistas e executivos, pelo qual é cobrada uma taxa. "Assim geramos receita própria. Com esse dinheiro, podemos promover eventos para comércio bi-lateral", comentou Marchi. A próxima missão para a Austrália será em fevereiro de 2008, quando cerca de 20 a 30 empresários brasileiros e os representantes da Regional de Belo Horizonte irão visitar o país, acompanhados do vice-governador Antonio Augusto Junho Anastasia. Outra ação promocional é a ida de um sommelier à Austrália para identificar uma série de rótulos de vinhos que ainda não são exportados.
A Câmara tem filiais em Belo Horizonte, onde cerca de 10 empresas investiram em torno de US$ 2 bilhões na área de mineração, e em Goiânia, a cidade sede da Friboi, que recentemente adquiriu a Swift - multinacional de carnes australiana.

Um dos primeiros passos para um empresário australiano investir no Brasil é procurar a Austrade, um órgão de fomento para comércio internacional que está estabelecido no Brasil. A Câmara, juntamente com essa instituição e o Consulado Geral da Austrália, já ofereceu suporte a 25 empresários australianos que vieram ao Brasil investir em mineração e visitar uma feira nesse setor, que se realizou nos dias 24 a 27 de setembro de 2007.

Entre as principais barreiras para o investidor australiano investir no Brasil, Marchi cita a burocracia, o idioma e a distância para o transporte de bens. Não existem linhas diretas de navios e o exportador tem que fazer um transbordo em porto do Oriente Médio ou Ásia, o que dá uma viagem de 40 dias em média, contra uma viagem de 18 a 22 dias partindo dos Estados Unidos. No modal aéreo também não existem rotas diretas e as existentes têm poucos horários.

Outro ponto é a enorme desinformação entre os dois países, mas Marchi afirmou que a imagem do Brasil é positiva. "Para o australiano, o Brasil tem uma vocação agrícola parecida e recursos naturais ilimitados, o que até causa uma certa inveja no bom sentido, já que por lá não chove. As duas nações foram erguidas com base numa enorme massa de imigrantes, tem uma miscigenação intensa e são parecidas em clima e alegria", finalizou Marchi.


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